SE É A MERA CURIOSIDADE QUE AQUI TE CONDUZ, DESISTE E VOLTA; SE PERSISTIRES EM CONHECER O MISTÉRIO DA EXISTÊNCIA, FAZ O TEU TESTAMENTO E DESPEDE-TE DO MUNDO DOS VIVOS.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O CREDO DO CRISTIANISMO - Parte 1.1

Bom está aberta agora uma sessão sobre O credo do Cristianismo.
Vai ser uma sequencia de posts mostrando um conteúdo muito bom para estudo. Espero que todos estejam estudando com dedicação, não somente aqui mas em outros lugares.


O CREDO DO CRISTIANISMO
e outras Palestras e Ensaios sobre Cristianismo Esotérico
(1916)

Anna Bonus Kingsford
e
Edward Maitland

Editado por Samuel Hopgood Hart
John M. Watkins
Londres





 Reprodução de um desenho rascunhado por Anna Kingsford mostrando as sete EstaçõesEstadosou Atos da Alma Humana, incluindo o Triângulo Inferior do Hexagrama Sagrado ouSelo de Salomão,” e representando a evolução interior dessa Alma. – S.H.H.


  “Ouvi isto, todos os povos: dai ouvidos, todos vós que habitais no mundo; gente do povo, homens de condição elevada, ricos e pobres, todos juntos: – Minha boca fala com Sabedoria: e meu coração medita a Compreensão. Inclino meu ouvido à parábola: e sobre a lira esclareço meu enigma.” (Salmos, 49:1-4)

            “Meu povo, escutai minha lei: dai ouvidos às palavras de minha boca. Abrirei minha boca em uma parábola: exporei enigmas do passado, os quais nós ouvimos e conhecemos, conforme nos contaram nossos pais: e que não devemos esconder das crianças das gerações que virão.” (Salmos, 78:1-4)

            “Felizes os que ouvem a palavra de Deus, e a observam.” (Lucas, 11:28)



Credo in DeumPatrem omnipotentemCreatorem caeli et terrae
(Creio em Deus, Pai Todo Poderoso, Criador do céu e da terra).

1. (**) A  cristã é a herdeira direta da velha fé romana. Roma foi a herdeira da Grécia, e a Grécia do Egito, de onde se originaram o legado de Moisés e o ritual hebraico.

            O Egito foi apenas o foco de uma luz cuja verdadeira fonte e centro era o Oriente em geral – Ex Oriente Lux. Pois o Oriente, em todos os sentidos, geograficamente, astronomicamente e espiritualmente, é sempre a fonte de luz.

            Mas, embora originalmente derivada do Oriente, a Igreja de nossos dias e de nosso país é modelada diretamente a partir da mitologia greco-romana, e de lá retira todos os seus ritos, doutrinas, cerimônias, sacramentos e festivais.

            Portanto, a exposição que será feita sobre o Cristianismo Esotérico tratará mais especificamente dos mistérios do Ocidente, uma vez que suas idéias e sua terminologia são para nós mais atrativas e próximas do que as concepções não artísticas, a metafísica não familiar, o espiritualismo melancólico e a linguagem pouco sugestiva do Oriente.

            Extraindo sua essência-vital diretamente da fé pagã do velho mundo Ocidental, o Cristianismo mais proximamente se parece com seus pai e mãe imediatos, do que com seus ancestrais remotos, e será, então, melhor exposto com referência a suas fontes da Grécia e de Roma, do que com referência a seus paralelos bramânicos e védicos.

            2. A Igreja cristã é católica, ou então ela não é nada que mereça, em absoluto, o nome de Igreja. Pois católico significa universal, todo-abarcante: – a fé que sempre e em todos os lugares foi recebida. (1) A prevalecente visão limitada desse termo é errada e prejudicial.

            A Igreja cristã foi inicialmente chamada de católica porque ela abarcava, compreendia e tornou seu o passado religioso de todo o mundo. Reunindo em sua figura central – do Cristo – e em torno dessa figura todas as características, lendas e símbolos até então pertencentes às figuras centrais das dispensações anteriores, proclamando a unidade de toda aspiração humana, e formulando em um grande sistema ecumênico as doutrinas do Oriente e do Ocidente.

            3. Assim, a Igreja católica é védica, budista, zend-avesta e semítica. Ela é egípcia, hermética, pitagórica e platônica.

            4. Ela é escandinava, mexicana e druídica. Ela é grega e romana. Ela é científica, filosófica e espiritual.

            Encontramos em seus ensinamentos o panteísmo do Oriente, e o individualismo do Ocidente. Ela fala a língua e pensa os pensamentos de todos os filhos dos homens; e em seu templo todos os deuses estão em um lugar sagrado.

            Eu sou vedantina, budista, helenista, hermética e cristã, porque eu sou católica. Pois nessa única palavra todo o Passado, Presente e Futuro estão abarcados.

            Como Santo Agostinho e outros dos Padres (Pais) da Igreja verdadeiramente declararam, o Cristianismo não contém nada de novo a não ser o seu nome, estando próximo dos antigos desde o seu início. E as várias seitas, que retém apenas uma porção da doutrina católica, são apenas como cópias incompletas de um livro, do qual capítulos inteiros foram retirados, ou como representações de uma peça teatral na qual apenas alguns de seus personagens e de suas cenas foram mantidos.

NOTAS

(94:*) N.T.: Essa numeração indica as páginas no original, em inglês.
(94:**) N.T.: Essa numeração indica os parágrafos no original, em inglês.
(94:1) Resenha de Edward Maitland da palestra dada por Anna Kingsford, em 12 de junho de 1884, para a Sociedade Hermética, publicada em Light, em 21 de junho de 1884, p. 254, onde se afirma que “A palestra, que teve uma hora de duração, tratou da origem, simbolismo e interpretação da doutrina religiosa em geral, e do significado esotérico da passagem de abertura do Credo em particular, mostrando em uma profunda exposição metafísica a falácia envolvida na concepção antropomórfica convencional da deidade, e a necessidade de um sistema racional de pensamento quanto a um substrato para o universo que seja ao mesmo tempo inteligente e pessoal, ainda que em um sentido diferente daquele que é comumente atribuído ao termo; a personalidade Divina sendo aquela, não da forma externa, mas da consciência essencial; e a criação, que é a manifestação, sendo devida não à ação externa, mas à perpétua presença e operação Divina desde o interior: ‘Deus Pai’ sendo, no sentido esotérico e verdadeiro, a Substância e Vida original não diferenciada do universo, porém não limitada pelo universo, e Ele mesmo a potencialidade de todas as coisas.” O relato também informa que no encerramento da palestra Anna Kingsford “apresentou algo sobre o método de iluminação pelo qual os conhecimentos Divinos são obtidos, e disse que em conversas recentes com iniciados devidamente instruídos do Oriente a convenceram a respeito da identidade dos sistemas religiosos do Oriente e do Ocidente.” S.H.H.
(95:1) Assim sendo, ao falar da literatura grega de Hermes Trismegistos, o Sr. G.R.S. Mead diz: “A teoria do plágio do Cristianismo deve ser abandonada de uma vez por todas.” “Os Padres (Pais) da Igreja apelaram para a autoridade da antiguidade e para uma tradição que nunca tinha sido questionada, com o propósito de mostrar que eles não ensinavam nada de essencialmente novo – que, em suma, eles ensinavam, quanto aos pontos fundamentais, aquilo que Hermes já havia ensinado. Eles viveram numa época muito próxima daquela tradição para se aventurarem a fazer qualquer acusação de plágio ou falsificação contra essa tradição sem se exporem a uma categórica contestação por homens que ainda eram ouvintes da “voz viva” dessa tradição e estavam de posse de sua ‘palavra escrita’.
            “Os estudiosos da Renascença naturalmente seguiram a tradição invariável da antiguidade, confirmada pelos Padres (Pais) da Igreja.
            “Gradualmente, contudo, percebeu-se que, se antiga tradição fosse aceita, a originalidade fundamental das doutrinas cristãs em geral – isto é, as bases filosóficas da Fé, em distinção aos dogmas históricos que lhe são peculiares – não poderia mais ser sustentada. Tornou-se, portanto, necessário desacreditar e refutar a tradição antiga por todos os meios possíveis.” (Hermes TrismegistusVol. I. pp. 43 e 45-46.) – S.H.H.


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