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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Musica, A Arte de Ouvir - 2

''Tem dias que a gente se sente 
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá...''   Roda Viva – Chico Buarque



Certa vez conversando com minha esposa sobre música, concordamos sobre uma época em que não vivemos mas sentimos o poder de quem lutou e sobreviveu a uma era negra da historia de nosso pais. O tempo da ditadura.


Em tempos de Festivais de Música, cantores e mais cantores eram observados e manipulados a falarem e fazerem somente o que fosse de interesse do poder militar que a massa soubesse. Nossa Pátria, reprimida e atrofiada como toda esposa sobre o poder de um homem machista, autoritário, de mente pequena, que domina com mão de ferro até mesmo o direito de ter direito.

Os cantores que enfrentaram essa dominação sobre a nação, cantavam e versavam em sentidos duplos para agradarem aos juízes cegos e observadores do poder militar e, para despertar a mente dos ouvintes . Todo o publico ali presente tinha sede por LIBERDADE, sentiam-se indiferentes e não IGUAIS. A música era tocada e sentida por todos, fazendo assim, ouvir palavras e versos que eram sempre silenciados nas ruas, escolas, casas e livros.

Os gritos nos auditórios dos festivais eram de fervor sabendo que a nação ainda vivia, que sim, o gigante despertara e que seu povo ainda tinha sangue para enfrentar mais um desafio, e que este desafio ou inimigo iria derramar muito deste sangue.


Chico Buarque, Caetano Veloso eram mestres com Nara leão,  Elis Regina, Gilberto Gil entre outros que guiavam a Vontade da nação por letras veladas aos olhos blindados e fardados mas totalmente claras as mentes revolucionarias que esperavam o levantar, de uma manhã livre e segura para realmente poder ir e vir sem medo... sem medo de poder pensar, falar e agir.


Sim, os Festivais de música eram uma guerra, só que de modo diferente, as armas eram violões e flautas e as munições eram letras musicais. Todo esse armamento pode ser sentido como uma radiação... radiação sonora até hoje em nossas casas. São letras que ficam imortalizadas –  ''O que fazemos hoje, ecoa pela eternidade.’’

Sim ecoa mesmo, as cicatrizes dos que conseguiram sobreviver ao terror é vista ate hoje, muitos corpos sumiram durante essas batalhas, já que o inimigo não usava da mesma arma e estratégia do que os músicos. Poderíamos pedir que nosso atual governo, que se diz bravos lutadores contra a força militar antigamente, mostrasse registros a Nação, de desaparecidos, de arquivos que fizeram muitos morrerem, desaparecerem ou até mesmo serem apagados  da existência.

Jack Guterres, fala em seu blog Arquivista Social, que os arquivos da ditadura brasileira foram aceitos como Registro Memória Mundo pela UNESCO.

E, no blog Brasil diversificado, temos uma carta: ''O Brasil Diversificado apresenta a carta escrita por Aquiles Rique Reis, integrante de um dos maiores grupos vocais da MPB, o MPB4, a sua filha, Leticia, sobre os difíceis tempos da ditadura militar no Brasil. Nela, o músico resgata parte da história de sua família e descreve a sensação de estar permanentemente sob a pressão da censura, que perturbava o processo criativo. Um relato inestimável pala voz de quem estava lá e pode aquilatar, com a própria experiência, um momento essencial da recente história do país.''

30, 40 anos atrás muita música ou músicos vieram como delinquentes, vagabundos ou rebedes desafiar a dominação e os ‘’bons costumes’’ fazendo valer direitos que sempre foram de todos.


O poder da música é a muito tempo uma forma libertadora da alma, do corpo e de tudo a nossa volta. Escravos, homens livres antigamente que viviam suas vidas de forma tranquila e simples em sua devida pátria foram arrancados, presos a gruilhões pesados, onde deveriam arrastar a dura pena o crescimento e desenvolvimento de muitas cidades europeias e do Novo Mundo. Esses escravos para poderem se libertar ou voltarem a suas terras, formavam rodas onde cantavam pela sua fé, pelo seu povo, pela sua LIBERDADE e através de gingados se fortaleciam para lutar por suas vidas.


O mundo está clamando respostas agora por tanto domínio de homens sobre as nações através do dinheiro. Pessoas se juntam em praças, escrevem, gritam, cantam para serem ouvidas. Somos 99% contra 1% que se mantem sentados em cadeiras atrás de escrivanias chiques manipulando os mais simples e assim enriquecemos estes homens sem eles se darem ao verdadeiro trabalho e suor do valor de um dia de labuta. 

Como diria o personagem Tyler Durden em o Club da luta: '' Nós somos quem limpa a cidade de vocês, nós levamos e trazemos vocês do aeroporto, limpamos suas sujeiras, então vê se não ferra a gente, porque estamos de saco cheio.''

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