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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Graal - Taça


No capitulo anterior abordamos o tema do “Graal” ser uma Taça ou um Cálice, escrevemos sobre as possibilidades do referido cálice ser, ou servir como uma referência ao utilizado na última ceia, nesse capítulo traremos para os leitores a continuação do referido assunto.

Taça ou Cálice (segunda parte)



Segundo a tradição do cristianismo, o Graal teria sido o cálice que Jesus Cristo utilizou na última ceia, instituindo a eucaristia, no qual o vinho era bebido como símbolo do sangue de Jesus. José de Arimatéia teria pegado o cálice e nele depositado o sangue que corria das feridas de Cristo crucificado quando estavam preparando o corpo dele para o enterro, enquanto os seus seguidores eram perseguidos em Jerusalém (42 d.C.), levando em seguida o Graal para as ilhas britânicas. Um dos relatos afirma que ele transportou duas galhetas contendo o sangue e o suor de Jesus para Glastonbury, no sudeste da Inglaterra, com um bordão de pilriteiro que brotou e se desenvolveu quando foi plantado em solo britânico. Daí a sua representação em vitrais portando duas galhetas.



Por que teria José de Arimatéia levado o cálice para uma terra tão distante, numa época em que a navegação não era bem desenvolvida? Uma hipótese é que ele era um mercador da Judéia, muito rico, que conheceu Jesus e dele ficou amigo. Após sua morte foi para a Britânia, onde provavelmente mantinha relações comerciais, e por lá ficou para pregar a fé cristã. Em Glastonbury, fundou a primeira igreja da Inglaterra cujas ruínas ainda existem.

Na Grã-Bretanha as atividades de José de Arimatéia eram mantidas por um circulo fechado de doze anacoretas celibatários. Quando um deles morria, era substituído por outro. Nas histórias do Graal, esses anacoretas eram chamados de “os irmãos de Alain” que era um dos membros. Nessa condição, eles eram filhos simbólicos de Brân, o patriarca (o pai na antiga ordem, ao contrario da nova intitulação de bispo de Roma). Por isso, em uma parte da literatura, Alain é definido como filho de Brân (Bron). Entretanto, após a morte de José de Arimatéia em 82 d.C., o grupo se desintegrou – principalmente porque o controle romano tinha mudado para sempre o caráter da Inglaterra.

Essa versão é uma das mais conhecidas, porém não é muito divulgada pela Igreja Católica. Por que? Porque, antes mesmo do surgimento do cristianismo, já existia nas lendas dos povos celtas, referências a cálices sagrados. Ou seja, contestaria toda a história da Igreja Cristã, além de que nas lendas celtas, o cálice era intimamente ligado à imagem feminina, contrariamente a doutrina cristã que inferioriza as mulheres. Na mitologia céltica, o “caldeirão”, era um símbolo sagrado, representava a fertilidade feminina, o grande útero, de onde todas as coisas vinham e para onde retornariam. Talvez daí nascesse à crença em cálices sagrados, dotados de capacidade mágica, dando a imortalidade a quem deles bebesse.

Alguns tomam o cálice de ágata que está na Igreja de Valência, na Espanha, como aquele que teria servido Cristo, mas, aparentemente, a peça é datada do século XIV. Independente da veneração popular, esta referência é fundamental para o entendimento do simbolismo do Santo Graal já que, como explica a própria Igreja em relação à ferida causada por Longino, “do peito de Cristo adormecido na cruz, sai à água viva do batismo e o sangue vivo da Eucaristia; deste modo, Ele é o cordeiro Pascal imolado”.

Depois da primeira Inquisição Católica realizada pelo papa Gregório IX, em 1231, as histórias do Graal foram condenadas pela Igreja. Não chegaram a ser denunciada como heresia, mas todo o material relacionado ao Graal foi suprimido.

Posteriormente a Igreja na verdade declarou, no Concílio de Trenton (norte da Itália), em 1547, que a sabedoria do Graal era heresia não-oficial. Nesse mesmo Concílio, a escolha dos livros para o Novo Testamento aprovado foi finalmente confirmada a partir de uma seleção original feita antes, no Concílio de Cartago, no ano de 397.

Sobre o referido assunto, veja o que nos diz o escritor e historiador Laurence Gardner em seu livro intitulado “Os Segredos Perdidos da Arca Sagrada”:

“Quando olhamos o legado do Graal da antiga Mesopotâmia, fica óbvia que o simbolismo do Cálice e do Pão era parte da cultura semítica dos dias de Abraão e Melquidezeque (como mostrado em Gênesis 14:18), por volta de 1960 a.C. A maior anomalia é que a igreja se volte oficialmente contra o Graal, usurpando ao mesmo tempo, como seu, o mais pertinente símbolo do legado. O Sacramento da Eucaristia (ou Sagrada Comunhão) é ostensivo o uso do cálice de vinho, representando o sangue messiânico, junto com obréias de pai que representam o corpo. Apologistas desse costume se agarram à idéia de que a cerimônia deriva do ocorrido na Última Ceia, quando Jesus ofereceu vinho e pão a seus apóstolos, sem considerar que ele próprio realizava um ritual antiqüíssimo”.

Porém há outras histórias muito mais interessantes – e ousadas – para explicar isto. Diz-se que durante sua permanência na Cornualha, Jesus havia recebido em dádiva um cálice de um druida convertido ao cristianismo (isto entendido como “o que era pregado por Cristo”), e por aquele objeto Jesus tinha um carinho especial. Após a crucificação, José de Arimatéia quis levá-lo, santificado pelo sangue de Jesus, ao seu antigo dono, o druida, que nada era do que o Mago Merlim, traço de união entre a religião Celta e a Cristã.

Como não podia de ser, a história do ”Santo Graal” também se encontra ligada com os povos muçulmanos, conta-se da existência de um rei chamado de Evelake que era um governador sarraceno convertido por José de Arimatéia e trazido por ele para a Britãnia. Em seu entusiasmo de convertido, ele tentou a busca do cálice sagrado, mas não lhe permitiram ter êxito. Como consolo, porém, foi divinamente prometido que não morreria até que visse um cavaleiro do seu próprio sangue no novo grau que deveria conquistar. Isto foi realizado por Sir. Percival, o rei Evelake contava na oportunidade então trezentos anos de idade.

José de Arimatéia foi, portanto segundo se depreende da história, o primeiro a custodiar o Graal. O segundo teria sido seu genro, Bron. Algumas seitas sustentam que o ciclo do Graal não estará fechado enquanto não aparecer o terceiro custódio. Esta resposta parece vir com a Demanda do Graal, de autor desconhecido, que coloca Sir. Galahad como único entre os cavaleiros merecedores de se tornar guardião do Graal.

No próximo artigo daremos continuação do que seja o Graal em forma de uma Taça ou Cálice.


Texto de: Walter Jorge
Adaptações: Renis R.

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