SE É A MERA CURIOSIDADE QUE AQUI TE CONDUZ, DESISTE E VOLTA; SE PERSISTIRES EM CONHECER O MISTÉRIO DA EXISTÊNCIA, FAZ O TEU TESTAMENTO E DESPEDE-TE DO MUNDO DOS VIVOS.

domingo, 31 de janeiro de 2010

Aikidô - Filosofia - As 4 Gratidões



Como em qualquer sistema filosófico, o Aikidô é definido por um sistema de princípios essenciais.Primeiro de tudo, o Aikidô enfatiza a importância das ''quatro gratidões'':

1- Gratidão para com o Universo;

Essa é a gratidão pelo dom da vida, um modo de ser muito preciosos e dificil de se alcançar. De acordo com as crenças budistas, a possibilidade de uma alma que transmigra achar uma vida humana é a mesma de uma tartaruga cega no grande oceano, que vem à superfície uma vez a cada cem anos, enfiar sua cabeça num buraco de um tronco de madeira que esteja passando no momento em que ela vier à superfície do mar. E, mesmo que os deuses tenham maiores chances, sua fácil existência coloca-os num estado de torpor, e somente os seres humanos podem torna-se Buda - precisa-se de um corpo para se sentir a dor de Samsara, praticar o Dharma e experimentar o Nirvana. A Gratidão por se estar vivo é supremamente importante, porque nos dá esperança. Como dizia o Mestre Ueshiba:

Santos e sábios sempre reverenciaram o que há de sagrado no céu, na terra, nas montanhas, rios, árvores e campos. Sempre existiu a consciência das grandes bençãos d natureza. Eles entenderam que é o propósito da vida tornar o mundo continuamente novo, fazer de cada dia um novo dia. Se você entende os princípios do Aikido você também agradecerá por estar vivo, e receberá cada dia como grande alegria.

Quando você reverencia o Universo, ele o reverencia de volta.
Quando você chama pelo nome de Deus, ele ecoa dentro de você.

Um escritor índio Assinibon descreveu desta maneira o ritual de gratidão particular de seu avô:

Ele nunca deixou de agradecer de manhã cedo ao sol nascente.
Ele chamava o Sol de Olho do grande Espírito. Ao meio-dia, ele parava por alguns segundos para agradecer e ser abençoado. Quando o Sol se punha, ele o observava em reverência até ele desaparecer.

2 - Gratidão para com nossos ancestrais e predecessores;

Isso significa ser grato para com as matriarcas e os patriarcas do nosso clã [família] particular, e para com todos os grandes líderes, professores, inovadores, artistas e exploradores que vieram antes de nós e criaram a cultura humana. Mesmo se nossos pais foram contra ou obstruírem nossos caminhos em nossa busca, ainda assim nós devemos agradecê-los pela dádiva do nosso corpo físico.

3 - Gratidão para com o próximo;

Não podemos viver sem a ajuda de outras pessoas. Pessoas que constroem casas, cidades e estradas; pessoas que fazem as coisas funcionarem ; pessoas que cultivam e preparam a nossa comida; pessoas que pagam nossos salários; pessoas que amam, criam e nos apóiam ; pessoas com quem brincamos e treinamos. Mestre Ueshiba disse uma vez aos seus alunos:

Na verdade - eu não tenho alunos - vocês são meus amigos, e eu aprendo com vocês. Devido ao seu treinamento vigoroso, eu cheguei até onde me encontro hoje. Serei sempre grato pelos seus esforços e cooperação. Por definição, Aikido significa cooperar com todos, cooperando com os deuses e deusas de cada religião.

4 - Gratidão para com as plantas e animais que sacrificam sua vidas por nós.

Nós existimos às custas de outros serem, no reino vegetal e animal, e devemos ser gratos por cada bocado de comida que comemos.
Em tempos passados, os índios norte-americanos caçadores nunca se esqueciam de agradecer aos animais que generosamente se deixavam matar.
Eles [os índios] se referiam às suas presas como ''amigos'', e se dirigiam a elas respeitosamente.

As quatro gratidões também podem ser entendidas como se fossem quatro dívidas: (1) nós estamos em débito com o universo pela dádiva de seu grade propósito; (2) estamos em débito com nosso ancestrais pela dádiva de nossa existência física; (3) estamos em débito com os homens e mulheres sábios do passado, pela dádiva de toda cultura humana; (4) estamos em débito com todos os seres animados pela dádiva de proporcionar o nosso sustento.
Gratidão é um antídoto poderosos contra o ressentimento que sentimos em relação aos outros e pelo mau temperamento que possuímos por guardarmos rancor. (Buda definiu uma pessoa fraca como ''alguém que não é grato e que, em sua própria mente, não tem noção de tudo de bom que lhe é proporcionado''). Pessoas agradecidas evitam a autopiedade e relutam em reclamar sobre o tamanho de seu fardo na vida. Outro aspecto da gratidão é o respeito.

Os índios norte-americanos sempre enfatizaram muito o princípio do respeito: respeito por Wakan Tanka, o Grande Espírito; respeito pela Mãe Terra; respeito pelos outros seres humanos; e respeito pela liberdade individual. No budismo, existe um ser conhecido como o ''Sempre Respeitoso Bodhisattva'', cuja única ação é curvar-se e reverenciar em gratidão a todos os que encontra , oferecendo a cada indivíduo todo o respeito simplesmente por estar vivo.


Fonte: Livro A Filosofia do Aikido

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

TARÔ - 22 ARCANOS MAIORES

(0 ou 22) O Louco
O Arcano da Busca e do Amor


Ao contrário do que ocorre nos demais arcanos, a margem superior da lâmina não tem numeração, razão pela qual se costuma atribuir-lhe o valor de arcano 0 ou 22, segundo a necessidade.
Um homem anda com um bastão na mão direita. Está de costas, mas seu rosto, bem visível, aparece de três quartos. Sobre o ombro direito leva uma vara em cuja extremidade há uma pequena trouxa.
O personagem está vestido no estilo dos antigos bobos da corte: as calças rasgadas deixam ver parte da coxa direita. Um animal que poderia ser um felino parece arranhar esta parte exposta ou ter provocado o rasgão.
De um chão árido, acidentado, brotam cinco plantas.
O viajante tem a cabeça coberta por um gorro que desce até a nuca e lhe cobre as orelhas; esta estranha touca transforma seu rosto barbudo numa espécie de máscara. Veste uma jaqueta, presa por um cinto amarelo; seus pés estão cobertos por calçados vermelhos.

Significados simbólicos

A busca e o Filho Pródigo. A experiência de ultrapassar os limites.
Espontaneidade, despreocupação, admiração, saudade.
Impulsividade. Inconsciência. Alienação.

Interpretações usuais na cartomancia

Passividade, completo abandono, repouso, deixar de resistir. Irresponsabilidade. Inocência.
Escolha intuitiva acertada. Domínio dos instintos; capacidade mediúnica. Abstenção. O não-fazer.
Mental: Indeterminação devida às múltiplas preocupações que se apresentam e das quais se tem apenas uma vaga consciência. Idéias em processo de transformação. Conselhos incertos.
Emocional: Revezes sentimentais, incerteza frente aos compromissos, sentimentos vulgares e sem duração. Infidelidade.
Físico: Inconsciência, desordem, falta à palavra dada, insegurança, desprazer. Abandono voluntário dos bens materiais. Assunto ou negócio enfraquecido. Do ponto de vista da saúde: transtornos nervosos, inflamações, abscessos.
Sentido negativo: Enquanto andarilho, o Louco significa queda ou marcha que se detém. Abandono forçado dos bens materiais; decadência sem muita possibilidade de recuperação. Complicações, atoleiro, incoerência.
Nulidade. Incapacidade para raciocinar e autodirigir-se, entrega aos impulsos cegos. Automatismo. Confusões inconscientes. Extravagância. Castigo causado pela insensatez das ações. Remorsos vãos.

I. O Mágico ou O Mago
O Arcano da Mística, da Concentração, do Impulso Criado


O título francês desta carta, Le Bateleur, pode ser traduzido também como Prestidigitador, Malabarista, Pelotiqueiro, Bufão, Acrobata ou Cômico. O termo Prestidigitador talvez fosse o mais adequado ao simbolismo dinâmico do personagem, mas é comum que seu nome seja traduzido do inglês Magician, Mágico ou Mago.
Um prestidigitador, de pé, frente à mesa onde coloca os seus instrumentos, segura uma esfera ou um disco amarelo entre o polegar e o indicador da mão direita, enquanto com a mão esquerda aponta obliquamente para o chão uma vareta curta.
O personagem é representado de frente, com o rosto voltado para a esquerda. [Nas referências aos protagonistas de cada carta, será considerada sempre a esquerda e a direita do leitor]. Usa um chapéu cuja forma lembra o símbolo algébrico de infinito ( ) e seus cabelos, em cachos louros, escapam desse curioso chapéu. Veste uma túnica multicolorida, presa por um cinto amarelo.
Sobre a mesa, da qual se vêem apenas três pernas, há diversos objetos: copos, pequenos discos amontoados, dados, uma bolsa e uma faca com a lâmina descoberta ao lado de sua bainha.
O prestidigitador está só, no meio de uma campina árida com três tufos de erva; no horizonte, entre as pernas da figura, uma
árvore se desenha contra o céu incolor.

TARÔ - O Referencial de Nascimento Autoconhecimento e desenvolvimento pessoal

Marize Wendland

O Referencial de Nascimento é um método de autoconhecimento e de desenvolvimento pessoal tendo como suporte o Tarô de Marselha. Este método foi criado por Georges Colleuil, nos anos oitenta do Século XX. Ele faz uma abordagem filosófica, terapêutica e humanista do Tarô. Desenvolve uma pesquisa original sobre o conteúdo simbólico do Tarô de Marselha, tentando desfazer o preconceito que o Tarô prediz o futuro. Para ele, “o Tarô não serve para ler o futuro, mas para construí-lo”. Seguindo este pensamento, ele diz que trabalhar
com o Tarô em um processo de autotransformação, terapia, desenvolvimento pessoal, nos permite entrar em contato com o centro invisível que se confunde com o mais profundo de nosso ser, o mais autêntico, o mais criativo. Seguindo esta idéia, o Referencial de Nascimento parte de uma Tarologia humanista, viva, em vez de Taromancia passiva.


O Referencial de Nascimento, como o nome indica, é uma representação das qualidades pessoais às quais é sempre possível se referir. É um instrumento de autoconhecimento e conhecimento dos outros, um meio dinâmico de evolução e de desenvolvimento pessoal, um método “de aprendizagem do ser”. Graças à decodificação rigorosa das lâminas que o compõem, ele vai permitir o retorno sobre si mesmo, a coerência consigo mesmo e, então, a autonomia que, por sua vez, favorece uma melhor harmonização no relacionamento com o outro.
O Referencial de Nascimento propõe uma reinterpretação dos Arcanos sob uma perspectiva humanista, evolutiva e terapêutica, que permite atualizar seus símbolos na experiência individual. Poderíamos dizer, pois, que o Tarô é uma linguagem universal que se individualiza no Referencial de Nascimento.
Um Referencial não é uma radiografia da personalidade, mas um espelho simbólico de uma estrutura interior. Trabalhar com um Referencial de Nascimento ajuda, pois, a se estruturar, sob a condição de poder se reconhecer nas experiências de vida que nos refletem as imagens simbólicas do antigo Tarô de Marselha. O Referencial de Nascimento nos apresenta uma adição de cartas que nos são confiadas no momento do nosso nascimento. Ele nos convida não só a uma observação desligada e distanciada de si-mesmo para melhor discernirmos um estado de conflito suscetível de gerar sofrimentos, mas, sobretudo, para identificar recursos, reservas energéticas estocadas e utilizáveis em prol de nossa transformação interior.

Os cálculos

O Referencial de Nascimento se apresenta sob uma forma de cruz composta de treze Arcanos maiores e de um Arcano menor, cada um contendo uma proposição de desenvolvimento pessoal. Esta maneira de organizar as cartas no espaço constitui a gramática sintática; a leitura do tema é a retórica; e a arte de formular as proposições constitui a dialética. O Referencial de Nascimento é, pois, uma estrutura gramatical cuja leitura e comentário devem nos ajudar a nos tornar mais presentes, ou seja, mais conscientes. Num Referencial de Nascimento, somos quase sempre levados a verificar a adequação ou não adequação entre o que propõe um dado Arcano de um ponto de vista absoluto (uma simbologia comumente aceita) e a vivência deste Arcano da nossa experiência pessoal. Por exemplo, o Eremita, um buscador incansável, aquele que encontra a luz e a sabedoria no interior de si mesmo, ou uma predisposição para a solidão; a Força, integração harmoniosa das forças vitais, centragem e autonomia. Perguntar-se-ia a um consulente que tenha estes dois Arcanos no seu Referencial “onde ele se encontra nesta questão?” Partindo da sua vivência, ele vai se conectar com a simbologia do Arcano... Se não há uma adequação, o Referencial pode oferecer caminhos para uma adequação através de vários tipos de terapia.


As lâminas são dispostas em quatro eixos que formam uma cruz de Santo André. O eixo vertical é denominado de a escada de Jacó; o eixo horizontal, a cintura ou o horizonte; a diagonal que desce da esquerda do observador, a Banda; a outra diagonal, a Barra; o espaço situado acima do horizonte, o hemisfério norte; o espaço situado abaixo, o hemisfério sul. Esta cruz gira da direita para esquerda e determina os 12 espaços chamados Casas e mais um espaço: o coração do brasão ou Casa 13, como no desenho ao lado.
As lâminas que ocupam estas casas formam juntas os aspectos (espelho, nó, dialética...)

Casa 1: A Personalidade
Esta Casa diz respeito, sobretudo, às manifestações de extravasão do indivíduo: sua personalidade, seu modo de comunicação com os outros, com seu ambiente, assim como a maneira
pela qual ele é percebido pelo mundo exterior.
Cálculo: corresponde ao dia do nascimento.
a. Se a data de nascimento cai entre os dias 1° e o 22° do mês, encontra-se imediatamente o Arcano maior correspondente.
Exemplo: para um nascimento no dia 18 novembro o Arcano correspondente será o 18, ou seja, a Lua. Já para um nascimento no dia 22 de maio, o Arcano correspondente será o Louco. (Trata-se aqui de uma convenção, pois o Louco não possui o valor 22, porém é o vigésimo segundo Arcano maior).
b. Para as pessoas nascidas entre 23 e 31, adicionam-se os valores que compõem este número (redução teosófica ) e substitui-se o resultado obtido pelo Arcano correspondente.
Exemplos: 23 = 2+3 = 5 = O Papa; 29 = 2+9 = 11 = A Força

TARÔ - Fernando Pessoa

Fernando Pessoa é místico por natureza. Também por palavras, por astros e heterônimos, os quais lhe desdobram em mil e expressam vidas exclusivas, como cada lâmina de baralho. Atuam e interferem umas nas outras, oferecendo destinos, orientações e outros símbolos. Mais e mais símbolos, cada vez mais.
Geminiano, dedicou-se ao estudo da filosofia clássica e contemporânea, sofrendo influências de Baudelaire e do movimento simbolista quando começou a escrever. Pinceladas e abismos de ocultismo se destacam em toda a sua obra. Caminho mágico, caminho alquímico. Transmutações de sua própria personalidade. Como astrólogo, introduziu Plutão às cartas. Daí o caráter revolucionário, influência direta do planeta – desbravador de novos mares, tanto os literários, lingüísticos quanto os esotéricos e até mesmo pessoais.
Modernista, investe palavras na Orpheu, uma publicação mais que curiosa para quem tem os olhos atentos de cartomante. Na ilustração de capa da primeira edição, assinada por José Pacheco, vê-se uma
mulher entre duas velas, como se fossem pilares – nítida associação com a Sacerdotisa do tarô, a Senhora dos Mistérios que, em “O Último Sortilégio” da obra ortônima “Cancioneiro”, marca presença nos versos de uma iniciada. Eles descrevem práticas de magia ritualística, que Pessoa conhecia muito bem.
Aliás, a amizade com Aleister Crowley não pode deixar de ser mencionada. Entre mapas, nevoeiros e auroras douradas, o encontro em Lisboa foi pra lá de obscuro. Fico aqui pensando que Psiquetipia foi escrito logo depois de ter conhecido e analisado não só a carta natal, mas os modos e os arcanos nas mãos do mago, mesmo que seja assinado pela pena de Álvaro de Campos.

“Conversa perfeitamente natural... Mas e os símbolos?
Não tiro os olhos de tuas mãos... Quem são elas?
Meu deus. Os símbolos... Os símbolos...”


Sempre me questionei: “qual teria sido o contato de Pessoa com o tarô? Como, aliás, perceber os arcanos em uma obra tão vasta, tão interrogativa e enigmática?” Pois bem, a resposta estava na própria pergunta. O tarô é um enigma se pensarmos em sua trajetória histórica, esotérica, simbólica. O poder das imagens que se tornam palavras. Palavras que traduzem imagens. Próprias. Íntimas. Secretas.
Bom, se penso nos símbolos, sigo as pistas. Afinal, “tudo são símbolos”. Reparo, então, na famosa anotação que antecede o livro Mensagem, escrita especificamente para decifrar o conteúdo da obra, recheado de sinais divinos e patriotas.
Na verdade, este documento parece ter sido escrito especificamente para os profissionais e estudantes dos arcanos. Longe, então, das intenções sebastianistas e nacionalistas que o autor propôs ao seu estudo, a nota se torna um exercício de interpretação ou mesmo um manifesto que contribui à codificação das cartas e à compreensão do caráter essencialmente polissêmico de seus símbolos.

Nota Preliminar

Fernando Pessoa
Apontamento s.d., não assinado
Comentários de Leonardo Chioda

“O entendimento dos símbolos e dos rituais (simbólicos) exige que o intérprete – o tarólogo – possua cinco qualidades ou condições, sem as quais serão, para ele, mortos, e ele um morto para eles.
A primeira é a simpatia, em grau de simplicidade e conformidade com as citações. Tem o intérprete que sentir simpatia pelo símbolo que se propõe interpretar. Nesse quesito se enquadra a escolha adequada do baralho, a plenitude e sinceridade do desejo de optar pelas imagens a que se propõe a analisar.
A atitude cauta, a irônica, a deslocada – todas elas privam o intérprete da primeira condição para poder interpretar. Cabe aqui a postura de respeito e fidelidade aos arcanos e à prática oracular. Somente a verdadeira vontade e de constantes e sérios estudos é que as imagens passarão a fluir na alma e no cotidiano do indivíduo disposto.
A segunda é a intuição. A simpatia pode auxiliá-la, se ela já existe, porém não criá-la. A dedicação autêntica e continuada das análises promove insights, aberturas mentais e emocionais a outros níveis de interpretação e de capacidade narrativa, mas não nasce repentinamente; quando plantada, exige cultivo e cada arcano espalhado sobre a superfície de leitura. Por intuição se entende aquela espécie de entendimento em que se sente o que está além do símbolo, sem que se veja. Noções diversas sobre diversas situações,explicações e captações lingüísticas por meio da arte – eis a finalidade desta condição. Há de se tomar cuidado com projeções que se jogam ao olho mental, iludindo os menos e os muito preparados.
A terceira é a inteligência. A inteligência analista decompõe, ordena, constrói noutro nível o símbolo; tem, porém, que fazê-lo depois que se usou da simpatia e da intuição. Essa é a premissa básica para estabelecer associações entre as cartas e a cultura, a realidade palpável, às paisagens, aos fatos históricos e até aos imaginários. A inteligência arcana se traduz em criatividade lúdica, representativa e inovadora de quaisquer elementos que se queira abordar simbolicamente.
Um dos fins da inteligência, no exame dos símbolos, é o de relacionar no alto o que está de acordo com a relação que está embaixo – o próprio ofício d´O Mago. Não poderá fazer isto se a simpatia não tiver lembrado essa relação, se a intuição a não estiver estabelecido. Então a inteligência, de discursiva que naturalmente é, se tornará analógica, e o símbolo poderá ser interpretado.
Eis então o próprio ofício do leitor, que deve aproximar, com estilo, a vida estática das estampas às horas da vida material, sentimental e espiritual para extrair lições e orientações quando solicitadas.
A quarta é a compreensão, entendendo por esta palavra o conhecimento de outras matérias, que permitam que o símbolo seja iluminado por várias luzes, relacionado com vários outros símbolos, pois que, no fundo, é tudo o mesmo. O poder da analogia e da convergência entre disciplinas, conceitos e sistemas diferentes. Alude ao estudo interdisciplinar ao qual o tarô é sujeito, já que trabalha a interdependência simbólica e a evolução de significados sem alterar, diretamente, o fenômeno analisado. Não direi a erudição, como poderia ter dito, pois a erudição é uma soma; nem direi cultura, pois a cultura é uma síntese, e a compreensão é uma vida. Compreender o tarô demanda tempo, demanda vidas. Exige paciência e a uma determinada carga cultural do estudante, que assimila emoções, desejos e impressões às cartas. Seriam elas uma síntese do mundo? Seriam potenciais, tendências da realidade através dos tempos? Ou então a memória do divino universo da alma? São questões precisas que promovem respostas individuais e coletivas. Assim, certos símbolos não podem ser bem entendidos se não houve antes, ou ao mesmo tempo, o entendimento de símbolos diferentes. Daí a importância dos estudos de literatura, filosofia, de religiões e de história da arte e do mundo. Para que os arcanos sejam “inteiros” nas mãos leigas, faz-se necessária a longa jornada de pesquisa – das origens de tais signos e significantes, de suas migrações e transformações ao longo dos séculos e das diferentes concepções artísticas. Esta quarta condição, que acaba sendo rara e verdadeira qualidade, apenas se torna nítida com o passar do tempo, quando desenvolvida e concretizada a intimidade e o gosto por deitar as lâminas. Exige, portanto, maturidade, coerência e olhos livres. É a interpretação da vida. A compreensão dos mecanismos que sustentam o espírito do universo – sobretudo o humano.
A quinta é a menos definível. Direi talvez, falando a uns, que é a graça, falando a outros, que é a mão do Superior Incógnito, falando a terceiros, que é o Conhecimento e Conversação do Santo Anjo da Guarda, entendendo cada uma destas coisas, que são a mesma da maneira como as entendem aqueles que delas usam, falando ou escrevendo.”
Menos definível porque, como a Beleza, insinua-se para poucos; apenas para as almas despertas. Menos definível pois só é constatada quando se joga e quando se escreve. É a transcendência do tarô. O dom de manipular as palavras – escritas e faladas que nascem da observação das cenas ilustradas em cada peça. Augúrios e presságios que são sussurrados e afloram no tempo certo. Qualidade de quem decodifica seus símbolos mais íntimos e os respeita. Como cartas. Como vidas. Como divindades. Como magia. Como profissão. A própria adivinhação e as revelações que indicam o norte ao consulente. Rotas de orientação que quando contempladas, oferecem conselhos e escolhas. Ferramenta do destino, alegoria da imaginação.
Símbolos. Pessoas.


Livros recomendados
Pessoa, Fernando. Mensagem. Coleção A Obra-Prima de Cada Autor.
Editora Martin Claret, São Paulo, 2007
Pessoa, Fernando. Poesias Ocultistas, 2ª edição.
Editora Aquariana, São Paulo, 1996.

Fonte:http: www.clubedotaro.com.br

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

DOMINIO DA VIDA - AMORC - PRONAOS RIO BRANCO



Estimado buscador, bem-vindo!

O "Domínio da Vida" é o nome do livreto principal de divulgação da Ordem Rosacruz, AMORC, em que a história, o propósito e os ensinamentos desta antiga e venerável Organização encontram-se detalhadamente explicados. Para ter acesso à sua versão virtual, clique na figura abaixo e inicie uma jornada ao âmago do seu ser!



E gostaria de reforçar o endereço da AMORC aqui em Rio Branco, para todos os buscadores e interessados.

Pronaos Rosacruz Rio Branco, AMORC
Reuniões: Sábados Às 18h - Sessão Setecentos (aberta) Às 19 h
Estrada São Francisco, 1510- Bairro do São Francisco - Caixa Postal 43
CEP 69.908-970 - Rio Branco- AC
e-mail: oapronaosriobranco@gmail.com

"A Ordem Rosacruz, AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico, que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz."



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

ORDENS



ORDEM ROSACRUZ

A Ordem Rosacruz, AMORC, é uma organização internacional, de caráter cultural, fraternal, não-sectário e não-dogmático, de homens e mulheres dedicados ao estudo e aplicação prática das leis naturais que regem o universo e a vida. Seu objetivo é promover a evolução da humanidade através do desenvolvimento das potencialidades de cada indivíduo e propiciar uma vida mais harmoniosa para alcançar saúde, felicidade e paz. Para esse objetivo, a Ordem Rosacruz oferece um sistema eficaz e comprovado de instrução e orientação para um profundo auto-conhecimento e a compreensão dos processos que determinam a mais alta realização humana. Essa profunda e prática sabedoria, cuidadosamente preservada e desenvolvida pelas Escolas de Mistérios esotéricos está a disposição de toda pessoa sincera, de mente aberta e motivação positiva e construtiva.
A Suprema Grande Loja é o órgão dirigente internacional que estabelece os princípios fundamentais de atuação da Ordem Rosacruz em todo o mundo: www.amorc.org


As Grandes Lojas da Ordem Rosacruz, AMORC, estão divididas em jurisdições para os idiomas do mundo:
alemão, espanhol, francês, holandês, inglês, italiano, japonês, idiomas escandinavos, português, tcheco, eslovaco e grega

Além das Grandes Lojas, em alguns países existem centros administrativos regionais:
Bulgária, Finlândia, Hungria, Nigéria, Polônia, Rússia e África do Sul.


MISSÃO ROSACRUZ

"A Ordem Rosacruz, AMORC é uma organização internacional de caráter místico-filosófico, que tem por missão despertar o potencial interior do ser humano, auxiliando-o em seu desenvolvimento, em espírito de fraternidade, respeitando a liberdade individual, dentro da Tradição e da Cultura Rosacruz."

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A Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix

Desde o século XVIII, o Sudoeste da França foi um local importante no mundo hermético. Foi o local de nascimento de célebres correntes religiosas provenientes do gnosticismo, dos Altos Graus maçônicos e de numerosas escolas Rosa-Cruz e kabbalística.

Essa região permaneceu como um local de origem inquestionável das sociedades iniciáticas ocidentais. Além disso, ela conservou um lugar idêntico no imaginário coletivo, ultrapassando largamente a própria França. Que as pessoas lembram por exemplo do enigma de Rennes, o Château, e do Priorado de Sião que se desenvolveu na região de Razès. Os assuntos herméticos e ocultistas sempre foram freqüentes nessa região.

Então, da mesma forma, é lá que se manifestou uma importante corrente iniciática: A Rosa-Cruz.

O visconde Louis-Charles-Edouard de Lapasse, médico e esotérico, fora o animador em Toulouse em torno de 1850.

A Tradição Rosa-Cruz presente nessa região permitiu o reencontro da tradição mística e simbólica alemã e as correntes herméticas mediterrâneas. Em razão dessa contribuição do hermetismo, ela manifestou mais notadamente a alquimia, a astrologia e uma certa forma de teurgia.

A Rosa-Cruz era, de fato, independente da Franco-Maçonaria; mas seus membros, na maior parte, estavam ativos nos seus diferentes graus. Eles criaram grupos com tendência hermética, kabbalística e egípcia.

Em 1884 o Marquês Stanislas de Guaita entrou em contato com o irmão Péladan, que tinha se ligado a essa Tradição Rosa-Cruz da qual falamos. Firmin Boissin era o atual Grão-Mestre. É por ele que Stanislas recebeu a transmissão da corrente hermética da Rosa-Cruz, uma grande parte do seu ensinamento e uma missão. Ele teve por encargo reunir numa Ordem, a autêntica iniciação Rosa-Cruz, composta por uma formação teórica de qualidade, centrada sobre as ciências tradicionais e os autores clássicos, assim como por um processo ritualístico preciso, sério e rigoroso. O único aspecto que devia permanecer visível era o ensinamento e os estudos, até então um pouco negligenciado nos grupos ocultistas.


Respeitando seus compromissos, é em 1888 que Stanislas de Guaita, naquela época com a idade de 27 anos, funda a "Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix", (O.K.R.C).

Essa data não foi escolhida aleatoriamente. A Fraternidade da Rosa-Cruz de Ouro alemã, desde a origem segue um ciclo de 111 anos e seu sistema de graus foi reorganizado em 1777. Seguindo as diretrizes recebidas, Stanislas de Guaita então exteriorizou a Ordem 111 anos depois.

Paradoxalmente, sabe-se muito poucas coisas sobre a Ordem interna. Dado que seus rituais permaneceram em grande parte desconhecidos, por vezes certos historiadores até mesmo duvidaram da natureza de sua estrutura iniciática. Mas como poderia ser assim, se a conheceram as personalidade que presidiram o seu despertar naquela época?

A Ordem Kabbalística da Rosa-Cruz foi a contínua inspiradora de correntes espiritualistas ocidentais.

A Ordem manifestou um paradoxo que nos coloca na mais pura tradição do Ocidente : uma visibilidade essencialmente cultural e espiritual da Ordem, um segredo sobre os ritos e um aprendizado clássico de grande qualidade.


É nesse espírito que foi concebida a Ordem e que continua a se perpetuar tanto no plano exterior quanto interior, ou oculto no seio do Colégio Invisível dos seis irmãos da Ordem e do Patriarca, dirigindo esse grupo.

No plano da Ordem Interior, a sucessão ininterrupta foi sempre transmitida com a mesma atenção da exigência da Ordem Rosa-Cruz de origem, e na região que sempre foi o cadinho do hermetismo Rosa-Cruz : o Sudoeste da França.

Respeitando o ciclo tradicional de reativação da Ordem, é em 1999 que a Ordem interior pôde retomar seus trabalho ocultos. Em 2006, ao término de um período de ativação de 7 anos, a Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix, novamente vivificada pela contribuição hermética, Rosa-Cruz e martinista pôde retomar
suas atividades, transmitir novamente as iniciações e abrir seus Capítulos segundo os princípios internos da Augusta Fraternidade.

Presente hoje como outrora, sua herança conservou o vigor e a riqueza que lhe tem sempre permitido se adaptar à sua época, irradiando a chama da sua iniciação.


A Ordre Kabbalistique de la Rose-Croix tem uma estrutura internacional mista, ou seja, integrada por mulheres e homens.
A Ordem promove a total liberdade de consciência. Cada um vivendo-a livremente, podendo também abdicá-la livremente.
Longe de ser apenas uma escola filosófica ou simbólica, ela tem por objetivo desde sua criação, formar e iniciar Seres de Desejo, abrindo para eles as portas da verdadeira tradição Rosa-Cruz original, sob os auspícios de Hermes.

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A ORDO MILITIAE CRUCIFERAE EVANGELICAEÉ fundamental mencionar a Militia Crucífera Evangélica como uma organização protetora, um movimento de guardiães da luz, idealizada pela Grande Fraternidade Branca. Criada na era cristã, seu propósito era o de proteger a cruz como símbolo místico, contra seu emprego errôneo por parte dos que realizavam cruzadas de perseguições aos que não aceitavam
uma interpretação sectária de seu simbolismo;seus métodos eram silenciosos e pacíficos. Esta organização ainda existe nos dias de hoje, com os mesmos ideais protetores, e constitui uma organização verdadeiramente secreta, a que só os bem preparados têm acesso.


A OMCE foi organizada pela primeira vez em 16 de julho de 1990 e é uma perpetuação da Tradição da M.C.E. reorganizada no Cruce Signandorum Conventus realizado em 27 de julho de 1586 em Luneberg, Alemanha. A Convenção foi registrada por Simon Studion em seu trabalho Naometria e dentre os participantes estavam incluídos representantes das Coroas da Inglaterra, Dinamarca, França e Navarra. O propósito da M.C.E. naquele tempo foi ativar os vestígios sobreviventes da Ordem do Templo de Jerusalém (os Cavaleiros Templários) e da Ordem Rosae Crucis e para concretizar as práticas e os ensinamentos doutrinários místicos e espirituais de ambas, para apresentá-los a um mundo à beira de uma crise religiosa. O propósito exterior da M.C.E. era proteger o significado religioso e místico da Cruz e impedir o seu uso como um instrumento de guerra. Em segundo lugar, a M.C.E. tinha por finalidade promover pacificamente a liberdade religiosa, a liberdade de pensamento, e a liberdade de pesquisa. O propósito Interior da M.C.E. era estabelecer um corpo exotérico de Servos da Luz para dirigir e guiar a humanidade em direção à iluminação mística. Um dos resultados desse propósito foi a manifestação do Rosacrucianismo do século dezessete que foi uma ativação da Ordem Rosae Crucis. Dentro da OMCE está a perpetuação de uma Tradição assim como a Fonte de uma Tradição. Mais importante, contudo, é a dedicação da Ordem em cumprir sua missão original e seu plano organizados nove séculos atrás, mas cuja inspiração remonta há muitos séculos. Colocado de forma simples, aquela missão é a de servir à humanidade e a todos os seus aspectos através do trabalho esotérico, místico e espiritual pelo estabelecimento dos sagrados princípios da liberdade, tolerância e harmonia e pela criação da prática espiritual. Desde seu estabelecimento a M.C.E. tem passado por períodos de operação ativa e passiva. A partir de 1990, a Milícia está em uma fase de ressurgimento mundial em resposta às exigências dos tempos. Embora a Milícia siga as Tradições compatíveis com aquelas dos Cavaleiros Templários e esposadas pelo conceito da Cavalaria, a OMCE, neste ciclo, não proclama ser descendente direta dos Templários.

O propósito da milicia

Hoje, a Ordo Militiae Cruciferae Evangelicae adota e perpetua os objetivos espirituais do movimento conhecido simplesmente como "a tradição esotérica ocidental". Não é de forma alguma uma ordem militar no sentido físico, pois os seus irmãos e irmãs são militantes somente em suas atitudes pessoais para cultivar e manter os princípios espirituais em suas vidas. Um dos princípios mais básicos diz respeito à lei segundo a qual os fins não justificam os meios na cultura desta Terra e na humanidade. As leis e princípios universais ou naturais se aplicam igualmente a todos e operam com ou sem o conhecimento e certamente sem o controle de qualquer indivíduo ou grupo. A eterna busca do conhecimento e da verdade segue o mesmo caminho interior do coração para todos, de acordo com a lei natural, independentemente de sexo, raça, credo ou origem. A todo indivíduo deve ser dada total liberdade para decidir qual caminho deve ser pessoalmente seguido.

A OMCE possui duas funções básicas: autodesenvolvimento e serviço à humanidade. Autodesenvolvimento para os homens e mulheres que se afiliam à OMCE e que devem ter um interesse sincero nos conceitos esotéricos, metafísicos, místicos e espirituais não-sectários e a motivação para aplicá-los em propósitos bons e práticos. A Milícia em si mesmo não deve ser considerada como um campo de treinamento inicial para essas disciplinas — existem outras organizações que executam essa tarefa admiravelmente. Mais exatamente, a OMCE oferece uma arena de ação para aqueles que desejam colocar, de forma efetiva, seu treinamento em prática. O "Alimento para a Alma" é oferecido aos membros na forma da doutrina da Ordem que, de acordo com a Lei Natural, é um processo de desenvolvimento e crescimento. A doutrina realmente vem dos oficiais superiores através da hierarquia de comando, mas na OMCE a doutrina também se desenvolve a partir dos próprios membros. Todo membro é encorajado a partilhar sua experiência e suas percepções interiores escrevendo discursos que, se estiverem de acordo com os princípios da Ordem, podem ser incorporados à doutrina oficial da Milícia na Comendadoria, Preceptoria, Priorado ou mesmo em nível mundial. O desenvolvimento esotérico e místico do membro é propiciado através de vários rituais, meditações e iniciações que podem ser conduzidos nas Comendadorias com outros membros ou, em alguns casos, na privacidade de seus lares.

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A TRADICIONAL ORDEM MARTINISTA

A Tradicional Ordem Martinista é uma Ordem iniciática cujo objetivo essencial é perpetuar o esoterismo judaico-cristão. Os martinistas estudam a história do ser humano, desde sua emanação a partir da Imensidade Divina até sua condição atual, bem como as relações que o ligam a Deus e à natureza. Pois, segundo o Filósofo Desconhecido, “... só nos podemos ler no Próprio Deus e nos compreender em Seu Próprio esplendor...”. O homem cometeu o erro de se afastar de Deus e cair no mundo material. Ao fazer isso, de certo modo adormeceu para o mundo espiritual e seu Templo Interior está em ruína. Ele deve então reconstruí-lo, pois se perdeu seu poder original, conserva no entanto seu germe e só a ele compete fazê-lo frutificar.

Em “O Ministério do Homem-Espírito”, Saint-Martin nos diz: “Homem, lembra-te por um instante do teu julgamento. Por um momento quero de bom grado te desculpar por ainda desconheceres o destino sublime que terias a cumprir no universo; mas pelo menos não deverias ser cego ao papel insignificante que nele cumpres durante o curto intervalo que percorres desde o teu berço até o teu túmulo. Lança um olhar sobre o que te ocupa durante esse trajeto. Poderias acaso crer que teria sido para um destino tão nulo que te verias dotado de faculdades e propriedades tão importantes?” Reencontrar esse estado paradisíaco que dele fazia um Pensamento, uma Palavra e uma Ação de Deus, tal é a busca martinista, a busca da “Reintegração”.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Hino a Aton - Salmo 104

Embora a antiga civilização egípcia fosse politeísta, houve um curto período monoteísta, no qual o deus oficial do Egito foi somente um: Aton
Um dos mais belos textos egípcios, o Hino a Aton, é dessa época.

O Sol sempre esteve presente na vida da antiga civilização egípcia, e muito deuses possuíam algum aspecto solar: Aton era o deus que representava o disco solar no firmamento. Embora já existissem representações suas no Antigo Império, foi no Novo Império, durante a época amarniana, que ganhou maior importância. No sexto ano do seu reinado, o faraó Akhenaton instituiu o culto único a Aton, fechou todos os templos e proibiu o culto aos outros deuses.

Akhenaton declarou-se seu único sacerdote e profeta, escrevendo um hino no qual proclamava a grandeza do Sol como criador de todas as coisas, e a igualdade entre todos os homens. A semelhança desse hino com o Salmo 104 do Livro dos Mortos, do Antigo Testamento, faz pensar que ambas as religiões compartilharam as suas idéias em um momento sincrético.

O Hino a Aton foi encontrado escrito nas paredes de vários túmulos de funcionários de Akhenaton, na nova capital fundada pelo faraó na atual Tell el-Amarna. A cópia mais completa foi descoberta no túmulo de Ay, funcionário de Akhenaton e sucessor de Tutankhamon como rei.

Assim como o disco solar, o templo dedicado a Aton era aberto, com um grande pátio onde recebia os raios solares. A construção do templo foi inovadora, pois utilizaram-se os talatat, blocos de pedra que podiam ser transportados por um homem sozinho. Este fato facilitou o transporte e acelerou o processo de construção.

O Faraó Revolucionário

O reinado de Akhenaton (1364 - 1347 a.C.) provocou uma mudança na concepção do mundo egípcio. Apesar de breve, foi produtivo, tanto do ponto de vista artístico como literário.

O HINO A ATON

"Apareces cheio de beleza no horizonte do céu, disco vivo que iniciaste a vida.
Enquanto te levantaste no horizonte oriental, encheste cada país da tua perfeição. És formoso, grande, brilhante, alto em cima do teu universo.
Teus raios alcançam os países até ao extremo de tudo o que criaste.
Porque és Sol, conquistaste-os até aos seus extremos, atando-os para teu filho amado. Por longe que estejas, teus raios tocam a terra.

Estás diante dos nossos olhos, mas o teu caminho continua a ser-nos desconhecido. Quando te pões, no horizonte ocidental, o universo fica submerso nas trevas, como morto. Os homens dormem nos quartos, com a cabeça envolta, nenhum deles podendo ver seu írmão...

Mas na aurora, enquanto te levantas sobre o horizonte, e brilhas, disco solar, ao longo da tua jornada, rompes as trevas emitindo teus raios...
Se te levantas, vive-se; se te pões, morre-se. Tu és a duração da própria vida; vive-se de ti.

Os olhos contemplam, sem cessar, tua perfeição, até o acaso; todo o trabalho pára quanto te pões no Ocidente.

Enquanto te levantas, fazes crescer todas as coisas para o rei, e a pressa apodera-se de todos desde que organizaste o universo, e fizeste com que surgisse para teu filho, saído da tua pessoa, o rei do Alto e do Baixo Egito, que vive de verdade, o Senhor do Duplo País, Neferkheperuré Uaenré, filho de Rá, que vive de verdade, Senhor das coroas, Akhenaton.


Que seja grande a duração de sua vida! e à sua grande esposa que o ama, a dama do Duplo País, Neferneferuaton Nefertiti, que lhe seja dado viver e rejuvenescer para sempre, eternamente.”

SALMO 104

1 Bendize, ó minha alma, ao SENHOR! SENHOR Deus meu, tu és magnificentíssimo; estás vestido de glória e de majestade.
2 Ele se cobre de luz como de um vestido, estende os céus como uma cortina.
3 Põe nas águas as vigas das suas câmaras; faz das nuvens o seu carro, anda sobre as asas do vento.
4 Faz dos seus anjos espíritos, dos seus ministros um fogo abrasador.
5 Lançou os fundamentos da terra; ela não vacilará em tempo algum.
6 Tu a cobriste com o abismo, como com um vestido; as águas estavam sobre os montes.
7 Å tua repreensão fugiram; à voz do teu trovão se apressaram.
8 Subiram aos montes, desceram aos vales, até ao lugar que para elas fundaste.
9 Termo lhes puseste, que não ultrapassarão, para que não tornem mais a cobrir a terra.
10 Tu, que fazes sair as fontes nos vales, as quais correm entre os montes.
11 Dão de beber a todo o animal do campo; os jumentos monteses matam a sua sede.
12 Junto delas as aves do céu terão a sua habitação, cantando entre os ramos.
13 Ele rega os montes desde as suas câmaras; a terra farta-se do fruto das suas obras.
14 Faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão,
15 E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem.
16 As árvores do SENHOR fartam-se de seiva, os cedros do Líbano que ele plantou,
17 Onde as aves se aninham; quanto à cegonha, a sua casa é nas faias.
18 Os altos montes são para as cabras monteses, e os rochedos são refúgio para os coelhos.
19 Designou a lua para as estações; o sol conhece o seu ocaso.
20 Ordenas a escuridão, e faz-se noite, na qual saem todos os animais da selva.
21 Os leõezinhos bramam pela presa, e de Deus buscam o seu sustento.
22 Nasce o sol e logo se acolhem, e se deitam nos seus covis.
23 Então sai o homem à sua obra e ao seu trabalho, até à tarde.
24 O SENHOR, quão variadas são as tuas obras! Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.
25 Assim é este mar grande e muito espaçoso, onde há seres sem número, animais pequenos e grandes.
26 Ali andam os navios; e o leviatã que formaste para nele folgar.
27 Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno.
28 Dando-lho tu, eles o recolhem; abres a tua mão, e se enchem de bens.
29 Escondes o teu rosto, e ficam perturbados; se lhes tiras o fôlego, morrem, e voltam para o seu pó.
30 Envias o teu Espírito, e são criados, e assim renovas a face da terra.
31 A glória do SENHOR durará para sempre; o SENHOR se alegrará nas suas obras.
32 Olhando ele para a terra, ela treme; tocando nos montes, logo fumegam.
33 Cantarei ao SENHOR enquanto eu viver; cantarei louvores ao meu Deus, enquanto eu tiver existência.
34 A minha meditação acerca dele será suave; eu me alegrarei no SENHOR.
35 Desapareçam da terra os pecadores, e os ímpios não sejam mais. Bendize, ó minha alma, ao SENHOR. Louvai ao SENHOR.

Fonte: www.misteriosantigos.com
Livro: Moisés e Akhenathon - A história secreta do egito no tempo do exôdo

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

ENTREVISTA COM O PROF. WAGNER BULL

Entrevista com Prof. Wagner Bull

Por Horacio Verdur (Centro de Difusion del AIkido-Buenos Ayres).

CONVERSA COM O SENSEI WAGNER BULL

1. - O sentido da prática
2. - As Técnicas físicas e a realização pessoal
3. - As razoes que levam à praticar Aikido
4. - A Transmissão
5. - A Marcialidade e o desenvolvimento espiritual
6. - A difusão
7. - Uma Mensagem

Além disso, falamos sobre:
8. - A iluminação.
9. - A prática da meditação
10. - Aikido: o caminho do meio

O SENTIDO DA PRATICA

HV: Sensei, qual seria, segundo sua visão, a grande razão para a prática de Aikido?

S: Creio que uma forma de expressa-lo seria a seguinte: desde a antiguidade o ser humano adquiriu a racionalidade, infelizmente, essa grande conquista o desligou de sua capacidade de perceber a realidade tal como é, ou ao menos o desligou na maior parte. Sem dúvida e felizmente sempre houve entre nós pessoas nas quais essa obstrução da qual falamos não foi tão grande – esse homens às vezes são chamados de iluminados ou profetas ou budas ou santos, de acordo com a cultura na qual se desenvolveram - e eles criaram caminhos, métodos e sistemas como instrumentos para ajudar às outras pessoas a retornar a sua condição original de perceber a realidade diretamente, saindo das limitações do pensamento. O’Sensei foi uma dessas pessoas, como também Buda, Jesus Cristo, o profeta Maomé e tantos outros mestres.

Estes sistemas, por assim dizer, buscam não somente ajudar a perceber a realidade tal como existe no universo, mas também ensinam a viver de acordo com ela.

Este termo “realidade”, que estou utilizando, pode talvez ser melhor compreendido se usarmos como referencia o termo japonês “kanagara”, que significa ainda a idéia de algo que flui e se move constantemente. Se o imaginamos como um riacho ou um rio que flui enquanto lhe tiramos uma foto, então teríamos que o aqui e agora, o momento em que estamos vivendo, como uma parte da realidade que se move constantemente.

Este termo, kanagara, que reflete então um mundo (de energias ou vibrações) em constante movimento, às vezes é denominado O riacho ou rio de Deus... Kanagara.

Isso dito, tenha-se em mente o seguinte, o pensamento fundamentalmente obstrui e dificulta que o homem perceba a realidade, o que significa percebê-la tal como é, diretamente, como um rio que flui por onde passa, sem estar separado. O pensamento faz com que o homem se perceba a si mesmo como separado, fora do rio de Deus.

Então pode-se dizer que o Aikido é um desses métodos que ajudam as pessoas a perceberem diretamente a realidade, mas, e isso também é muito importante,ele também ajuda a utilizar o pensamento de tal forma que também esteja envolvido pela realidade e não fora dela, unido seria a palavra.

Quando se usa no Aikido o termo “entrar em harmonia com a natureza”, se está dizendo isso, unir-se a esse rio abraçando-o com o coração e compreendendo-o com o pensamento.

Este conceito transcende as palavras ou as idéias que se possa ter sobre ele, esta é apenas uma maneira de expressá-lo. Não há forma de abarcar este conceito em sua totalidade com palavras, por isso se diz “entrar em harmonia com a natureza” como uma forma de expressá-lo, mas ela é necessariamente incompleta.

Uma coisa interessante sobre o Aikido e que o torna atraente para mim é que não descarta nem o pensamento, nem o ego, nem a razão, e sim os inclui. Mas não como são agora, agora estas funções não estão suficientemente refinadas.

Com a prática se desenvolve uma forma muito especializada de pensamento, que é a intuição. Hoje, com qualquer um de nós, o pensamento puro e a intuição pura estão sempre em tensão, estão se chocando, e é necessário que esta tensão seja afastada para que a percepção se faça plena, por isso digo, o pensamento, agora, tal como está, não está suficientemente refinado. O pensamento comum, por si mesmo, não pode abranger nem perceber a realidade porque esta, a realidade, é sempre paradoxal, pois abarca todos os aspectos de uma coisa ou de um acontecimento ao mesmo tempo, inclusive aqueles aspectos que são ou que parecem ser opostos.

EROS E ERIS - AMOR OU GUERRA?

AMOR OU GUERRA?

Por Alfredo Tucci, Traduzido por Fernando Sanchez – Instituto Takemussu – Michi Dojo/São José dos Campos/SP

Artes Internas ou Artes Externas? Eros e Eris.

Se existe uma divisão essencial e externa nas Artes Marciais, esta vem marcada pelo seu próprio nome. De um lado o Artístico e de outro Marte. A Arte como paradigma de Eros e Marte como perfeito exemplo de Eris. Eros, o antigo Deus do Amor nasce do Caos, enquanto seu irmão Eris nasce da Guerra. Como vês, nas raízes de nossas culturas também existia em suas origens o conceito dos opostos complementares de Yin e de Yang, do mesmo modo que as tradições do oriente.

Amor e Guerra são duas forças opostas e complementares e todas as culturas participam de ambas, se bem que em determinados períodos da história dos povos a tendência tenha sido destacar mais uma que a outra.

Como forças indiferenciadas, Eros é tão necessário como Eris. Um cria, o outro destrói, para renovar assim o ciclo da vida, a evolução e a mudança seguem seu curso eternamente.

Povos como Esparta puseram maior ênfase em Eris, enquanto Athenas colocou-o em Eros, entretanto, daquela dialética surgiu uma grande cultura, da qual todos no ocidente somos devedores. A guerra tal e como diz o grande estrategista chinês Sun Tsu é um assunto de vital importância, constitue a base que determina a vida ou a morte, o caminho em direção a sobrevivência ou a aniquilação.

A guerra não é um assunto muito popular em nossos tempos nos quais o valor da vida do indivíduo cresceu muito, especialmente se olharmos para trás na história e o compararmos com o que era atribuído a ele em tempos pretéritos.

Por empatia, mais do que qualquer outra razão, nenhum de nós ama a idéia da guerra. Nem sequer o princípio que representa possuí-la, digamos assim, o que se diz uma boa impressão. Isto eventualmente deveria deixar a Eros passeando pelo Planeta, e o corno da abundância, a cultura do vinho e o mel, seriam o pão nosso de cada dia... mas, todos sabemos que não é assim.


O fiel da balança nos corações e nas mentes humanas (ao menos formalmente) se inclinam, hoje em dia, em direção à “irmã suave” antes que em direção ao irmão destruidor. Esta preferência de fato tem criado um desequilíbrio em nossas sociedades modernas. Tudo aquilo que representa a Eris, a força de repulsão, o guerreiro, é visto com desagrado e tem sido colocado de lado: a violência, a guerra, a morte... Se até o próprio inverno tem uma má impressão! O ideal humano, o paradigma do paraíso é Eros e logo se assemelha muito mais a uma ilha paradisíaca cheia de jovens felizes fazendo amor e, claro..., o verão!

As Artes Marciais devem, como um todo completo, representar em si mesmas ambos os princípios, e assim tem sido feito durante séculos, se bem e dado que tudo existe em graus, existiu com maior ou menor predominância de ambas as forças, à medida que os estilos foram se especializando.

AS ARTES SUAVES, AS ARTES DURAS.

Um hipotético cenário de origem comum (uma imagem sempre idealizada) nos falaria do mítico princípio puro no qual um perfeito equilíbrio existiria entre ambas. Uma Arte Marcial onde tanto a Arte como o Marcial tivessem sua justa parte, em que tanto os aspectos marciais representando Eris, como os artísticos em representação a Eros se expressarão e formarão parte de sua filosofia e prática.

Entretanto, com o passar do tempo se desenvolveu uma especialização diferencial, que existe, como bem sabes, entre os estilos. Existem os mais propensos enquanto a forma aos movimentos suaves e lentos; e existem os duros e rápidos. Quanto ao conteúdo: existem estilos que fixam a atenção do praticante predominantemente ao interior, enquanto outros só existem em função do oponente externo. Assim, até para o maior dos profanos existem dois tipos de Artes Marciais: as suaves ou internas e as duras e externas.

Bem é certo que tal divisão, como todas, é antes uma gama de matizes do que uma linha traçada com um pau no chão. Os diversos estilos, felizmente, e muito especialmente aqueles mais antigos, incidem em ambas partes dessa linha, ainda que a lei da predominância está implícita em cada forma de entender a Arte Marcial.





Mas permita-me aprofundar mais nesta característica diferencial para ver até onde nos podem levar e, deslocando em direção à realidade, poder compreendê-la um pouco mais. Às vezes só colocando as coisas nos extremos podemos perceber mais profundamente o que está oculto por trás dela, não é mesmo? Ninguém se sinta ofendido por uma caricatura que só nos oferecerá uma possibilidade de olhar o conjunto de nossas práticas com perspectiva.

OS ESTILOS INTERNOS E SUAS PREFERÊNCIAS. DANÇAS OU LUTAS?

Os estilos internos, tal como seus irmãos do lado oposto, atraem decididamente como praticantes aqueles que lhe são afins, que vibram em seu mesmo tom. Da mesma forma, os dos estilos predominantemente internos não teriam nenhum empecilho em declarar-se abertamente e sem nenhum pudor como amantes de “Eros”.

Os sinuosos e suaves movimentos do Tai Chi são o “queijo na ratoeira” desse homem esguio, intelectual, interessado nas Artes, amante da Paz e do silêncio, preocupado com a saúde, com as boas maneiras e pelo estado da Camada de Ozônio.

O praticante de Tai Chi (entendendo que estamos usando o Tai Chi como exemplo e descobrindo um personagem estereotipado e em certa medida falso), se sente atraído de forma inconsciente em direção a sua Arte, pois esta sem dúvida mostra sua cara mais "erótica" (Eros) num primeiro contato. Logo a prática, se bem ensinada, surpreende o adepto com suas formas de combate, o contrasta com o esforço destas posições que para serem corretas e naturalmente adotadas requerem um enorme trabalho e uma perseverança a toda prova, algo muito mais "Erítico"! Mas, não seria o primeiro caso de um mestre de Tai Chi, nem possivelmente o último que se aproximara de mim para queixar-se do muito que custa em imbuir em seus alunos o adequado espírito marcial nas suas práticas.

Faz uns dias e por mudar de estilo (não seja que se dê o caso de que eu preferi algum), gravamos um vídeo com um grupo de praticantes de Esgrima, entendendo esta no sentido amplo, quer dizer, não só Esgrima de Espada, mas também Esgrima Filipina e luta com todo tipo de armas. Sua peculiaridade reside em que suas práticas se enriqueceram pelo estudo de um material interessantíssimo vinculado a história de seu país, Itália, desde a Idade Média e especialmente durante o Renascimento onde esta Arte era amplamente praticada por todo mundo. “Nova Esgrima”, assim é chamado este grupo que tão diligentemente é dirigido por Graciano Galvani o qual sem dúvida ouvireis falar muito no futuro. Escreveu vários e interessantes tratados sobre a matéria despertando a atenção de muitos jovens universitários. O D’Artagnan que habita em cada um de nós despertou neles suas fantasias românticas. Galvani descobriu que o preciso momento em que nas suas aulas apertava o acelerador do marcial (algo por outro lado essencial em seu trabalho cotidiano) seus ilustres pupilos desertavam apavorados. É então que Galvani trabalha sua Arte de tal forma e como deve ser feito... mas, o suor, o esforço e os golpes não são românticos...

Algumas escolas de Aikido, felizmente não todas, e cada dia menos, seguem dançando em volta do Nague ao invés de aprender a desferir um ataque verdadeiro; alguns aikidokas não amam nada de Eris! Entretanto, o verdadeiro Aikido é impossível sem ele, pois tal como descreveu seu fundador, o Aikido é a unificação dos dois princípios.

OS ESTILOS EXTERNOS: A VIA DO ROBOCOP

A eficácia no combate está, sem dúvida, na origem de todas as Artes Marciais como uma básica aspiração de justa utilidade. Entretanto, o reducionismo das atuais modas no setor estão relegando muitos estilos a uma coleção de técnicas para desportivamente ou sem regra alguma, conseguir reduzir o inimigo a um pedaço de carne tal e como o expressou Groucho Marx “desprezado até nos açougues mexicanos” (e que me perdoem os amigos do México! Onde existem carnes magníficas) quase completamente entregues nos braços de Eris, as formas profissionais de combate focalizam um aspecto que, não por ser importante, deve ser excludente da pratica das Artes Marciais. As formas policiais e militares de combate poderiam confessar abertamente amantes de “Eris”, como não poderia ser de outra maneira. Entretanto, nos estilos nascidos ou recriados ao calor dos “Vale tudo” tem transformado o combatente numa patética imitação do guerreiro e inclusive da milícia. Levado ao paroxismo, esta tendência leva muitos indivíduos a entregar-se, como é bem sabido nestes círculos, ao consumo de esteróides anabolizantes que os convertem verdadeiramente em massas espetaculares de carne, tremendos “robocops” cuja função não parece ser outra que conseguir destruir a outra enorme massa de carne em um ringue.



Como pode haver desenvolvimento pessoal naqueles que se destroem a si mesmos? Onde ficou Eros nesse caminho?

É certo que há entre os amantes da eficácia todo tipo de pessoas. Muitas delas, felizmente, magníficos esportistas e lutadores que cultivam seu corpo de forma sadia e expandem seu ardoroso espírito combativo, fazendo-nos correr rios de adrenalina e entusiasmo pela sua valentia, pudor e bravura; indivíduos, alguns deles, que ademais cultivam seu lado feminino, seu intelecto e sua sensibilidade. Mas estes são sem dúvida a minoria, não nos enganemos.

Assim, se és mais gordo do que alto, gosta mais da ação ao invés da reflexão é gosta do heavy metal, é mais fácil que acabeis fazendo boxe antes que Aikido, luta-livre antes que Tai Chi, que treines pesos e não alongues adequadamente e que adores a tensão no lugar do relaxamento.

VERDADEIRAS “ARTES MARCIAIS”

Todas as mitologias nos falam do princípio Único, do indiferenciado e logo da dualidade. Nosso mundo esconde atrás dela sua essência primordial única e à medida que nos distanciamos desse princípio único as infinitas combinações binárias dão lugar ao Universo em todas as suas formas e possibilidades. Das formas unicelulares às multicelulares, do inanimado até a vida; a evolução é sempre complexidade, multiplicidade, diferenciação. As Artes Marciais não poderiam seguir outro critério. Desde suas origens os estilos mais diversos têm sido estilos completos onde o adepto era iniciado em formas de combate que implicavam um conhecimento de si mesmos e dos demais cada vez mais sofisticados.

Precisava atender tanto o interno quanto o externo. Tinha que ser capaz de escutar a Natureza e seus signos, curar ao invés de ferir, matar ao invés de dar a vida, pois o guerreiro era por sua vez xaman, defensor da tribo e guardião dos conhecimentos. A especialização veio depois, muito depois e, sem dúvida, trouxe muitas coisas boas: nossa habilidade cresceu, nossos arsenais melhoraram, nosso conhecimento também, mas algo se perdeu, talvez no caminho... algo muito especial que alguns grandes Mestres se empenham em não esquecer.

As Artes Marciais são Marciais, mas também Artes. Internas, mas externas. Como todo o grande, as Artes Marciais são paradóxicas e sua adequada compreensão e prática implicam nosso ser total: mente, emoção e corpo, num trabalho transformador e evolutivo que atende a pessoa de um modo completo e não apenas parcial.

O TEMPO DOS EXTERNOS

Hoje em dia as sociedades modernas olham para outro lado quando quem aparece em cena é o indócil Eris. Suas virtudes têm sido denostadas, seus propósitos mais belos desvirtuados, sua presença apartada. Eris dá a vida ao destruí-la, renova como o inverno a terra quando com seus gelos rompem a fibra vegetal caída ao solo no outono, permitindo assim que a primavera a apodreça para criar o fértil fundamento de um novo ciclo de vida.

A morte se afasta de nossas vidas, os cemitérios ficam longe do cotidiano; a velhice não é mais algo respeitável senão defeituoso; as crianças já não aprendem dela, pois não convivem com seus avós e, o militar e a policia, não os consideram senão como um mal necessário, ao qual há que acudir para que nos tirem as castanhas do fogo.

Nossas sociedades só querem ouvir falar de Eros, mas está claro que isto não é possível e acabam encontrando (assim parece indicar a silenciosa lei não escrita) aquilo do qual fogem.

As Artes Marciais de hoje em dia vivem tempos de extremismos, como os do próprio planeta. Os estilos internos cada dia se distanciam mais dos aspectos duros, pois os próprios alunos que chegam a eles atraídos pelo seu encanto buscam só este aspecto e muitos professores, que não querem ver como suas classes se esvaziam, cedem à pressão.

Os estilos externos mais extremos cultivam cada vez de forma mais impetuosa e selvagem a destruição do oponente, esquecendo que existe a Arte, a suavidade, a luta com si mesmo e por sua vez outro modo de resolver os conflitos do que esmagando o próximo.

A VIA DA HARMONIZAÇÃO

A harmonia sempre surge dos opostos e as Artes Marciais, se não querem no seu sentido mais exato deixar de sê-las, devem combinar ambos os princípios para alcançar a harmonia e o equilíbrio que os alunos demandam no fundo para si mesmos.

Talvez hoje, neste marasmo de milhares de estilos sem as referências de autoridade de antigamente, quando qualquer um opina, mesmo sem saber, não nos resta outro remédio que olhar ao nosso redor e vermos nós mesmos para responder-nos sinceramente se o nosso é um trabalho verdadeiramente equilibrado. Para saber se é Eros quem nos domina em excesso ou talvez Eris quem gosta de possuir-nos.

Sabemos que não se pode simplificar. Que as coisas não são brancas ou pretas, mas, com este artigo somente aspiramos iniciar uma reflexão antes que abrir um debate. É o típico texto com o qual é difícil “fazer amigos” pois é crítico, mas nós não queremos “olhar o outro lado” e por isso o publicamos. Então, que cada um faça “DE SU CAPA UM SAIO” pois sempre haverá diversidade e não somente a aceitamos (veja o conteúdo de nossas páginas) senão que, além disso, somos da opinião de que esta nos enriquece a todos.

De um extremo ao outro do mapa marcial tudo é possível, mas também não é menos verdade que existe um justo meio. Como na flecha da evolução o justo meio é a forma mais incisiva de avançar, a aguçada vanguarda da evolução e a mudança pelo qual passarão descuidadamente sempre os caminhos do futuro.

Para todos, seja qual for vosso estilo, aí vai nosso sincero conselho, cada um deve seguir sua natureza, mas sem descuidar-se de trabalhar o oposto: como artista marcial, mas também, e, sobretudo, como pessoas.


Nota do prof. Wagner Bull:
Na essencia do Aikido existe um Budo autêntico, espiritual, o Takemussu Aiki, não podemos como aikidoistas esquecer de que as técnicas devem tambem serem eficientes como defesa pessoal para que sejam realmente autênticas e que tenham por fim a iluminação espiritual. Quem pesquizar o Aikido vai encontrar nele grande arte marcial, mas também um Caminho de vida excepcional que ele nos abre. Algumas escolas de Aikido atualmente , estão se esquecendo deste aspecto importante, e praticam esta arte como uma ginastica para a saude liberando a energia "Ki" , e tambem envolvendo seus aspectos estéticos. Isto está muito bom e válido também , mas é algo limitante. Deve-se compreender que o Aikido tem um escopo muito mais amplo, que é o de um Budo espiritual "Shin no Budo", que não pode deixar de ser cultivado sob pena de se perder talvez sua parte mais importante. No Takemussu Aiki este aspecto mais amplo é praticado e cultivado de forma a preservar as tradições completas destas caminho ,que tende a ser simplificado na abordagem destas escolas , algumas se denominando: "modernas" .

Informações sobre o Takemussu Aiki:

www.aikikai.org.br

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Ultimo Samurai


Por ironia do destino, falei algumas coisas ruins a respeito desse filme. Antes mesmo de assisti-lo, mas, depois, assiti, assiti novamente e repetitivamente várias vezes. Gosto muito do filme, do modo como um ser humano mesmo sendo tratado como inimigo, vendo ser desejado e desejando a morte de sua própria pessoa, consegue se reerguer, se auto descobrir e descobrir Deus. Descobrir a união com o Todo.

O embate que segue entre o que seria dois inimigos (figura) é uma cena que fico maravilhado. Superação.

HAI!!!

cores e coisas da Iris


Gostaria de fazer uma divulgação do blog de minha Deusa da Noite. Minha esposa, que tem um espaço dedicado a beleza, ao dia a dia, aos amigos, suas coisas, cores, visão do mundo, musicas, artesanatos... viajens e afins.

Caminho das Duas Espadas


Niten - O Caminho das Duas Espadas



No Livro dos Cinco Anéis, Miyamoto Musashi (1584-1645), está escrito:

''Na minha escola o aluno principiante deve treinar desde o ínicio o uso simultâneo das duas espadas''
''No começo é muito difícil manejar as duas espadas ao mesmo tempo''
''No início todo aprendiz estranhará o peso da espada longa e terá dificuldade em brandi-la, mas devo lembrar que tudo é difícil no começo...''

Mandamentos da arte militar segundo Miyamoto Musashi


  • Evitar todo e qualquer pensamento perverso.
  • Treinar dentro dos preceitos do “Nitô-Ichi-Ryu” (Também chamada Hyoho Niten Ichi Ryu).
  • Conhecer muitas artes, não só a arte militar.
  • Compreender os mandamentos das diversas profissões.
  • Discernir as vantagens e as desvantagens que existem em todas as coisas.
  • Desenvolver a capacidade de discernir a verdade em todas as coisas.
  • Conhecer pela percepção instintiva coisas que não podem ser vistas ou notadas.
  • Prestar atenção aos menores detalhes.
  • Ser sempre útil.
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